17 abril, 2006

Expectativa

Desde o início do mês eu estou nessa mesma expectativa. Desde quando, ao sair a programação do festival Abril pro Rock, aqui em Recife, soube que veria o meu terceiro show do Angra.

Expectativa para que não haja algum casamento inesperado, para que o som não esteja ruim, para que Edu esteja num bom dia e Rick não ficar com uma má impressão, para que Aquiles esteja com ainda mais raiva do que na última vez e, é claro, para ouvir “Carry On” ao vivo de novo.

Na verdade toda essa ansiedade e felicidade vão além do fato do show do Angra em particular, até porque não faz tanto tempo que assisti ao último, mas representa o quanto é difícil gostar de rock e heavy metal no nordeste. Os “forrozeiros” e fãs de brega têm o luxo de poderem ver suas bandas preferidas todos os finais de semana se revezando na Sala de Reboco, Clube Internacional e outros lugares inóspitos quaisquer, mas nós que gostamos do bom e velho rock’n’roll temos de ficar aqui só a ver as notícias pela TV das passagens pelo sul e sudeste de U2, Rolling Stones, Helloween, Pearl Jam, Oasis, Nightwish, Dream Theater, Iron Maiden (!), After Forever etc...

Quem mora no Recife pode se considerar ainda um pouco mais privilegiado do que os demais vizinhos de região. Há nem tanto tempo tivemos Silverchair e Deep Purple, ano retrasado quem quis pôde ir ver Offspring de perto, ano passado o próprio Abril pro Rock contou com a presença de Placebo (aah se eu tivesse pego a época em que tinha Stratovarius no Clube Internacional... em que Blind Guardian tocava Downtown Pub), já que temos a dita maior casa de shows da América Latina... o que talvez seja pior porque ficamos a pensar: porque temos a maior casa de shows e não os maiores (melhores) shows??

No mesmo Chevrolet Hall, aonde já rolaram boatos sobre vinda de Red Hot Chilli Peppers, Green Day e que teve a cara de pau de colocar uma enquete no site oficial perguntando qual seria a próxima atração internacional desejada (que por sinal a disputa estava mais ou menos entre The Chramberries e Dream Theater) só vemos gravações de DVDs, por exemplo, de Magníficos, Calypso, Limão com Mel... shows de Ivete Sangalo e companhia e ainda um “festival de verão” cheio de atrações quentíssimas como Chiclete com Banana, Babado Novo e o “rock” do Charlie Brown Jr.

A fome é tão grande que no próximo dia 7 estarei eu pegando uma hora e alguns minutos de estrada rumo a João Pessoa ver o Shaaman e não perder a chance de ouvir Andre Matos ao vivo mais uma vez. Ainda bem que os brasileiros não nos deixam na mão.. senão, o que seria de mim?

por Felipe “Baiano” Batista

07 abril, 2006

Entrevista com Gus Monsanto

A banda francesa de heavy metal progressivo Adagio, um dos maiores nomes do mundo no estilo, está lançando seu terceiro álbum de estúdio chamado "Dominate", uma das novidades é o vocalista brasileiro Gustavo Monsanto. E é com imenso prazer que o Cafezinho com Cigarro conta aqui com sua participação mais que especial em entrevista exclusiva a Felipe "Baiano" Batista.

Antes de mais nada gostaria de agradecer pela participação, está sendo pessoalmente gratificante realizar essa entrevista.
Esse é seu primeiro álbum com o Adagio. Você considera que foi por acaso sua entrada na banda?
Valeu, Felipe, pela força... Minha entrada no Adagio se deu de uma maneira realmente inseperada. Eu tinha acabado de terminar um trabalho de dois anos com uma banda chamada Astra, que não atingiu a repercussão esperada, por problemas internos e problemas com a gravadora, e isso realmente me afetou imensamente, a ponto de me fazer repensar o desejo de continuar a fazer música ou tomar outro rumo profissional na vida. E quando o meu amigo Gilberto, do Ytse Jam BR, o fã clube do Dream Theater, viu o anúncio do Adagio, que havia se separado do David Readman, ele me encaminhou. Num primeiro instante, pensei em se tratar de uma armação, “ah, essas coisas da internet, figurinhas marcadas, eu sou brasileiro, etc, tudo é difícil”; Mas, mandei duas fotos, release e dois MP3 do meu trabalho anteiror. Permaneci conectado e quinze minutos depois, tive uma resposta do management da banda, afirmando ter gostado do material, mas como ele é diferente do som que o Adagio faz, gostariam de me ouvir cantando material da banda. Mandaram duas músicas do disco anterior a minha entrada, “Underworld”, eu as aprendi em um dia, as gravei no dia seguinte e mandei os MP3 na hora em que cheguei do estúdio, indo pra cama em seguida. Quando acordei, devido ao fuso-horário diferente entre Brasil e França, ja havia na minha caixa de e-mails o convite para me integrar à banda. Vinte dias depois, estava de malas prontas para a França e outros vinte dias depois, estava nos Estados Unidos, me apresentando no Prog Power, um dos maiores festivais de heavy metal do mundo, com bandas como Edguy, Pain of Salvation e Savatage.
Esse trabalho é um tanto diferente dos seus anteriores. Você já possuía influências dentro do progressivo? Quais as principais?
Sempre gostei muito de rock progressivo e metal progressivo, apesar de nunca ter cantado em uma banda dentro deste estilo, apesar de certamente haver certas influências dentro de meus trabalhos anteriores, em alguma forma. Mas, para citar nomes, adoro Kansas, Yes, Spock’s Beard, dentro do metal progressivo, Dream Theater, é claro.
O Adagio exige mais de você vocalmente do que suas bandas anteriores, por ter uma característica mais técnica?
Sem dúvida. É uma música com nuances diferentes que exigem uma técnica super apurada. Não que meus trabalhos anteriores não me exigissem técnica, mas o patamar e a cobrança são outros neste momento. Outra coisa muito interessante sobre a minha atuação em “Dominate” ao meu ver, é a interpretação bem teatral das letras, que tem coisas bem sombrias que remetem a contos de Lovecraft e coisas do tipo. Por exemplo, em “Children of The Dead Lake”, o narrador da história é um menino que tem visões, e você tem que encarnar o personagem para convencer o ouvinte.
O “Dominate” apresenta temas místicos, sombrios, com elementos mitológicos. O disco possui um conceito principal?
A princípio, a gente conversou muito sobre Lovecraft e seus contos, alusões a Kthulu, monstros, etc. Mas o disco acabou não tendo um fio, não é um trabalho conceitual, apesar de certas músicas citarem personagens, como Yun sodoth, em “Dominate”.
Quais foram as primeiras reações do público e da crítica sobre o álbum? Ele vem com algumas mudanças, por exemplo, eu achei que começa bem melódico com “Fire Forever”, mas mantém a essência da música da banda e quem disse que é um disco simples está muito enganado. Fale também sobre essas mudanças.
A maioria tem sido super positiva. Tem sempre os cri-cris de plantão que vão preferir o último disco, ou a outra formação, mas sempre será impossível agradar a todos, nem Jesus conseguiu! Ao MEU ver, esse é o melhor disco da banda, pois ele é mais direto, tem menos orquestrações e é mais pesado e sombrio, APESAR de manter todos os elementos do som do Adagio intactos. Acho que o disco está longe de ser simples, ele só é direto... E “Fire Forever”, que muitos fãs compararam a bandas como Rhapsody e Hammerfall, Stratovarius, é uma musica heavy metal tradicional, mas muito mais influenciada por coisas dos anos 70 e 80, como Judas Priest e Loudness. Isso é a minha opinião pessoal, novamente...
Outra novidade do “Dominate” é o guitarrista Stéphan Forté estar fazendo vocais guturais. Você entende alguma coisa dessa técnica? Imagino que seja em algo similar ao drive, que já acho difícil de se fazer.
O Stéphan, antes do Adagio, cantou e tocou guitarra em bandas de metal extremo, que é uma paixão dele. Eu canto de maneira agressiva no CD, mas as vozes extremas quem faz é ele, e não tenho o menor interesse de enveredar por este estilo, apesar de adorar bandas como Carcass e Death.
Esta é uma pergunta que já deve ter sido muito feita. De quem e de onde veio a idéia de regravar “Fame” de Irena Cara, uma música inclusive que já teve uma versão por Sandra de Sá?
O Adagio tem fortes influências de música erudita, de música neoclássica. Um dia, eu e o Stéphan estávamos conversando sobre a idéia de gravarmos uma cover, e ele sugeriu essa música, por ter uma melodia bem neoclássica no verso. Eu achei a princípio impossível de adaptá-la pro universo do Adagio, mas acho que o Stéphan tinha razão e acabou cabendo. É interessante ver a resposta das pesosas, ou amam, ou odeiam, mas o objetivo era esse mesmo.
Eu li que o clipe da música faixa-título do CD estava para ser gravado no início de março. Já está pronto? Como é esse clipe?
A gravação do clipe acabou sendo adiada por problemas de logística. Entretanto, várias imagens têm sido gravadas, e estamos compilando material para trabalharmos em vídeo.
Quando uma banda de grande porte troca algum integrante normalmente há as insistentes comparações, principalmente quando se trata do vocalista. No mundo do heavy metal temos um famoso caso brasileiro que eu nem preciso comentar. Você sofreu muitas cobranças e comparações com David Readman? O público francês e europeu em geral é diferente do brasileiro nesse sentido?
É sempre difícil, pois o público compara MESMO. O público europeu, francês e brasileiro tem pontos em comum: todos são muito apaixonados e exigentes. David Readman era um dos meus vocalistas favoritos de heavy metal dos últimos tempos, conhecia bem mais o seu próprio trabalho até do que o do Adagio, em sua outra banda, Pink Cream 69. As cobranças e comparações são bastante grandes, e eu tenho em mente somente que devo fazer meu melhor, por saber do meu valor e esperar que as pessoas curtam o meu trabalho, pois ele é feito com muito amor.
Você, com o Adagio, já passou por EUA, Suíça, Holanda e nessa nova turnê já estiveram na Tunísia. Onde você está agora e por onde ainda passarão?
Estou em Paris, trabalhando na promoção de “Dominate” por aqui, pois ele saiu aqui no dia 27 de Março, com um DVD bonus, e sairá no Brasil agora no começo de abril, pela Hellion. Antes de voltar ao Brasil para a divulgação do CD, tocaremos na Holanda e no segundo semestre do ano estaremos em turnê novamente.
Você pretende realizar workshops?
Tudo depende da proposta. Eu fui professor de canto no Brasil e caso haja uma demanda e interesse, possuo material didático bastante bom e gostaria de fazê-lo novamente.
Os outros integrantes da banda colocam elementos da música francesa no trabalho do Adagio? Quais são as influências?
Milhares de influências, mas não percebo nada referente à música francesa, de forma direta. Inconscientemente deve haver, mas...
Houve um momento em sua carreira em que você pensou em desistir. Que conselhos você daria para quem decide seguir em um trabalho, digamos assim, alternativo, como a música?
É muito difícil falar sobre os outros, quando saber sobre nós mesmos é tão difícil... Eu acho que quem quer fazer música tem que estar apto a pagar o preço que é alto. Ficar longe de casa, da família, das suas pessoas, ter uma disciplina fortíssima... Tem muitas coisas duras que vêm junto ao lado bom. Mas, eu acho que quem permanece na música realmente o faz por não conseguir viver sem. É uma questão de vocação... Essa pergunta é muito difícil. Acho que a vida mostra o caminho, seu coração também.
Nós do blog temos uma brincadeira que é o Top 5. Os temas são variados e a intenção não é justificar tecnicamente o que é melhor que o que, mas apenas listar nossos favoritos. Como não poderia deixar de fazer... qual o seu Top 5 vocalistas?
Steve Perry (Journey), David Coverdale (Whitesnake), Glenn Hughes, Ronnie James Dio (Dio) e Rob Halford (Judas Priest)...
E quais são seus discos de estimação?
Sou um comprador de discos COMPULSIVO... Poderia ficar aqui mil anos falando sobre discos e bandas... Meus discos de estimação são TODOS eles... Sorry.
Gostaria novamente de agradecer em nome da equipe do Cafezinho com Cigarro, foi um prazer poder contar com sua participação. Fica a espera para que o “Dominate” chegue às lojas no Brasil, muito sucesso!
Queria convidar todos a conhecer a música do Adagio e meu site. Queria falar que pra mim é uma grande conquista estar podendo fazer parte de uma banda de heavy metal de ponta, internacional e espero estar somente abrindo a porta para que vários outros jovens cantores e músicos brasileiros possam despontar pelos palcos do mundo afora.
Dominaaaaaaaate!!! Espero que possamos ir ao Brasil em breve.

Adagio Official Website - www.adagio-online.com
Hellion Records - www.hellion.com.br
Gus Monsanto Official Website - www.gusmonsanto.com

04 abril, 2006

Cello-Rock

A Finlândia é um país com uma educação musical muito forte, é matéria obrigatória no currículo escolar.. já a partir do ensino básico. Desde a década de 50 que os governos vêem se empenhando em construir escolas de música, as quais hoje são 95 para sua população de 5 milhões de habitantes. Dessas a mais importante é a Sibelius Academy, que formou muitos dos maestros das mais importantes orquestras do mundo, além da ex-vocalista do Nightwish, Tarja Turunen. E foi em Sibelius onde Eicca Toppinen, Max Lilja, Antero Manninen e Paavo Lötjönen se conheceram para em 1993 se juntar em torno de duas paixões em comum, música clássica e heavy metal, e formar o Apocalyptica.


Os quatro violoncelistas de Helsinque, que começaram por brincadeira a tocar músicas de bandas de rock, lançaram em 1996 seu primeiro álbum intitulado “Plays Metallica by Four Cellos”, que como o nome sugere, é a transcrição para um quarteto de violoncelos de oito músicas do Metallica. O que de cara surpreende no disco é o track list porque, ao contrário do que normalmente se esperaria de um grupo de concertistas clássicos, eles escolheram músicas das mais pesadas como “Master of Puppets”, “Enter The Sandman” e “Sad But True”. Outro ponto importante a se notar é que o Apocalyptica já começou deixando claro que a intenção não era a de fazer versões “eruditas” para músicas de rock, mas a de mostrar que a atitude rock’n’roll independe do instrumento que você toca.

No primeiro trabalho, apesar de demonstrar muita habilidade na difícil execução das músicas, o grupo não precisou muito de criatividade. Já em “Inquisition Symphony”, lançado em 1998, os covers já estão mais elaborados e ainda três canções compostas por Eicca Toppinen apresentam o início da formação do estilo da banda. Destaques para a maravilhosa versão de “Nothing Else Matters”, que na minha opinião a banda conseguiu mais emoção até do que no “S&M” do Metallica, para a faixa título do álbum, original do Sepultura e para “Toreador”, que das músicas próprias é a que demonstra maior qualidade de composição.. maior evolução... iniciando com dois violoncelos solo na mesma velocidade dando uma idéia de sobreposição de sons, e na música inteira os outros dois base fazem um som pesado e sombrio.

No ano 2000 Antero Manninem deixa o Apocalyptica para se dedicar a Orquestra Filarmônica de Helsinque e é substituído Perttu Kivilaakso, que já era integrante da mesma orquestra. Essa é a fase na qual o quarteto decide deixar um pouco de lado os covers que o consagrou e lança o “Cult”, predominando composições de Eicca. O som da banda se mostra próprio, inovam usando distorções nos violoncelos e é notória a óbvia influência da música erudita, além de um toque de gótico. O disco também conta com quatro versões, entre elas uma original reescrita de “Hall Of The Mountain King” do compositor norueguês do século XIX Edvard Grieg, sempre presente no repertório dos shows.

Em 2003 saiu o “Reflections”, que eu considero o melhor de todos os álbuns, totalmente composto por Eicca e Petru, um som próprio e intitulado por eles mesmos de “cello-rock”. Já sem Max Lilja, o agora trio Apocalyptica conta com a participação de Dave Lombardo, lendário baterista do Slayer. A banda desenvolve definitivamente o seu estilo diferenciado.. violoncelos distorcidos fazem um efeito diferente da habitual guitarra do rock’n’roll, essencialmente sentimental e em alguns momentos parece ser um disco de gothic metal. Uma das músicas, “Path” tem na versão do single a voz de Sandra Nasic, da banda alemã Guano Apes. O mais novo trabalho, o “Apocalyptica” de 2005 veio na mesma proposta e conta com as participações de Lauri Ylönen do The Rasmus e Ville Valo do H.I.M nos vocais.

por Felipe “Baiano” Batista (felipe.batista@gmail.com)

01 abril, 2006

até que a gaia nos separe...


ROBERTO - O casamento nos moldes tradicionais, “só que a morte os separe”, toda essa bobagem, não passa de uma instituição falida. Quando o casamento foi criado ninguém imaginava que o ser humano teria uma expectativa de vida tão grande. Imagina, você casa aos 25 anos e morre aos 75. Puta que Pariu!! 50 anos comendo a mesma mulher é foda!! Não tem tolerância que agüente repetir a mesma merda durante 50 anos. “Não jogue a toalha na cama!”, “Não limpe a boca com a toalha da mesa”, “Porra, eu não vou no aniversário da sua Tia Silvia”. O mundo é poligâmico. Os animais não se relacionam, vivem comendo quem querem sem ter ninguém os julgando por isso. Basicamente, o macaco pode ir de galho em galho sem se preocupar com a sua banana. Isso tudo se refere a um simples fator, FIDELIDADE. A infidelidade é o novo pretinho básico, é o futuro. É ela que vai nos tirar da decadência dessa sociedade moderna. O mundo precisa disso, e EU, vou fazer jus a todo esse discurso.

VINICIUS – Sério?!

ROBERTO – Ahan!!

VINICIUS – Sério mesmo!?!? Não é mais um desses teus discursos pseudoliberais não?!

ROBERTO – Não!!! Acho que o mundo está preparado pra isso.

VINICIUS – Ah ta!!

ROBERTO – O que foi?!!

VINICIUS – É porque eu comi tua mulher ontem.

ROBERTO – SEU FILHO DA PUUUUUUUUUUUUTA!!!!!!