22 março, 2006

"There are frogs fallin from the sky"


“Magnólia” é o meu filme preferido. E para ser sincero, nunca consegui escrever sobre ele. Acho que pela importância que ele tem na minha vida, ou pela complexidade de significados, os inclusos na película ou mesmo os de caráter pessoal. Nunca consegui me expressar do jeito que gostaria. Sabe quando você ama tanto uma coisa que fica impossível descreve-lo de uma forma que todos compreendam? O engraçado é que nunca tive esse problema com minhas namoradas. Acho então que nem as amei tanto. Rs.

“Magnólia” afeta o ser humano. “Magnólia” me afeta. É real. É surreal. Exatamente como o ser humano. Busca atingi-los nos seus pontos mais fracos. Mas sempre com o objetivo de sermos seres humanos melhores. Em outro filme, “O Mundo de Leland”, o personagem principal Leland P. Fitzgerald diz, “Engraçado como as pessoas só dizem que são seres humanos depois que fazem algo errado. Você nunca escuta alguém dizer, EU SOU APENAS UM SER HUMANO, depois de ter salvo uma criança em um incêndio.” O ser humano erra, falha, engana, mente, distorce, destrói, mata, rouba, discrimina, etc.

E “Magnólia” trata seus personagens nessa ótica. E o melhor, os salva. Exatamente como fez comigo. A complexidade do filme reside nessa complexidade do Homem. É antagônico quando trata a espiritualidade e o acaso numa mesma ótica. Faz pensar se ambos estão conectados ou se eles realmente são exclusivos.

8 personagens e suas histórias que se entrelaçam pelas ruas de Los Angeles, pela melancolia, pela depressão, pela única solução viável: DESISTIR.

Frank T.J. Mackey (Tom Cruise) é desprezível. Ajuda homens a tratar mulheres como pedaços de carne, simples desafios a serem ultrapassados. Earl Partridge (Jason Robards) é dono de uma rede de TV de grande sucesso, e está prestes a morrer de câncer. Jimmy Gator (Philip Baker Hall) é o apresentador mais famoso desta rede de TV, também se encontra por causa dos excessos no fim de sua vida. Cláudia (Melora Waters) é a filha de Jimmy, e vê na cocaína a solução para seus problemas. Jim Kurring (John C. Reilly) é um policial solitário, que de tão encharcado pela responsabilidade se atêm a solucionar os problemas dos outros sem conseguir enxergar os próprios. Stanley (Jeremy Blackman) é um menino prodígio e participante do programa de Jimmy, que sugado pelo pai não consegue ser ouvido. Donnie Smith foi um menino prodígio e participante do mesmo programa, que depois de ter sido sugado pelos pais, vive uma vida patética sempre a procura de amor próprio. E por último, Linda Partridge é a jovem esposa de Earl, que ao ver o marido moribundo começa a realmente a amar o homem que tanto enganou.

A vida dessas pessoas é mostrada de uma forma dinâmica, com uma montagem não apenas rica nas transições como bastante significativa para o entendimento da história. É através da montagem que você compreende a correlação entre todos os personagens. Eles não possuem apenas uma melancolia em comum, há também um claro pedido de ajuda, e mesmo que este pedido seja boicotado pelo orgulho e vergonha, grita de ansiedade.

Paul Thomas Anderson é sem dúvida o Messias que veio nos salvar da mediocridade. O diretor/roteirista deixa claro desde da abertura inicial que “Magnólia” não é um filme fácil de engolir. Ou por sua complexidade de significados ou por fazer você olhar pra si, e ser obrigado a analisar a sua vida. Às vezes a máscara cai e você percebe que nada está correto, que poderia ter feito muito mais e assim escolhido caminhos completamente diferentes. É impossível não ver o filme numa ótica pessoal. Não só sua, mas como a do próprio Paul Thomas Anderson.

E é aí que Paul Thomas Anderson mostra toda a sua genialidade. Ele inclui esse caráter pessoal ao roteiro não só pelo teor bastante sentimental. Não cria essa conexão apenas pelo brilhante texto na espera que o espectador se conecte a história. Ele nos coloca dentro filme. Ele inclui o espectador dentro da história. Somos os olhos de Phill Parma. Somos as lágrimas de Phil Parma. Somos a bondade e a vontade de Phil Parma. Mas quem é Phil Parma? É o único personagem que parece ter um certo equilíbrio sob sua vida. Phil Parma não passa de uma pessoa normal, com problemas, incertezas e tristezas.

Interpretado pelo incrível Phillip Seymor Hoffman, Phil Parma é o enfermeiro que cuida de Earl Partridge. E é na procura pelo filho de Earl (Frank T.J. Mackey) que o filme toma rumo. É ele que, mesmo indiretamente, tenta consertar as coisas. E “Magnólia” é isso. Consertar as coisas. Essas pessoas precisam muito ser ajudadas. E principalmente, precisam PERDOAR ou serem PERDOADAS.

A chave do filme está presente quando todos os personagens depois de alcançarem o fundo do poço, cantam juntos a música WISE UP. A música fala que nada há de ser feito, que a única solução é DESISTIR. Mas essa ajuda vem. Inusitada, mas vem.

Magnólia é uma flor que necessita de todas as suas pétalas para sobreviver. Quando uma cai, todas as outras caem juntas, para que assim possam nascer novamente e formar a sua camuflagem natural e seguir sua vida.

Frank T.J. Mackey é a pétala. É ele que perdoa. É ele que grita “Não morra, seu filho da puta, não morra!”. É através dele que a flor retoma sua camuflagem natural.

Êxodo 8:2 “Ao renegar a partida, infestarei de rãs todo seu território”.

Phil Parma assiste aquele episódio espantado. Assim como nós. E é isso que acontece. Intervenção. Deus ou acaso? Não importa. O que importa é que a vida deu mais uma chance a estas pessoas, para que elas não precisem DESISTIR.

By Rick Monteiro (rick_monteiro@yahoo.com.br)

09 março, 2006

Separados no Nascimento

Descobri um tempo atrás que eu estou totalmente desatualizado a respeito de música. Estava eu na sessão de CD´s de um grande supermercado quando vi passando um show numa das TV´s e apesar do som baixo reconheci a música.. mais um segundo olhando para o video deduzi ser o tão prometido novo DVD do Angra(!)... e ainda mais tocando uma música que nunca é tocada ao vivo. Depois de um tempo percebi algo diferente, e digamos estranho, em "Bleeding Heart".. quando chegou o refrão eu ouvi algo parecido com "me fere, me risca de amor!", foi aí que eu percebi que se tratava de uma promoção do DVD de Calcinha Preta (2 por R$10,90). Fiquei realmente impressionado com aquilo, pois o cara era idêntico a Edu Falaschi!!


-----Marlus Viana (Calcinha Preta) -------------------Edu Falaschi (Angra)
Depois disso fui reparando cada vez mais.. é incrível como as bandas de "forró" agora querem ser rock stars. Já saíram de cena os chapéus de couro de sertanejo, as botas, as sanfonas nas mãos e o que temos hoje são cabeludos em calças de couro e caras com poses rock'n'roll. Nesse mesmo video de Calcinha Preta tinha outro vocalista (uma banda razoável de "forró" tem em média 37 vocalistas entre homens e mulheres, quase uma ópera) usando óculos escuros, todo poser.. e bem ao estilo Bono Vox do U2. Em outro show, o do Limão com Mel, eu também fui pego confuso.. uma introdução orquestrada, o que me deixou achando que fosse o início de um show de metal, até que entrou o vocalista com um, por sinal irritante, "oiii!".


---- Daniel Diau (Calcinha Preta)--------------------- Bono Vox (U2)

É normal das bandas nesse estilo fazerem versões em português de hits internacionais, músicas de novela, etc para aproveitar o sucesso dos originais. Mas o fato interessante de gravarem a música do Angra, uma banda de heavy metal brasileira nada popular entre o grande público e uma música que passa longe de ser top das rádios, mostra que alguém ligado a banda escutava pelo menos alguma coisa de metal e deixa claro que eles se espelham nos artistas do rock. Quando tive oportunidade de comentar com o próprio Eduardo Falaschi, que é o compositor de "Bleeding Heart", ele brincou dizendo "não estão depositando nada na minha conta".

Por fim, olhando para o público no DVD e vendo todas aquelas pessoas simplesmente viradas para o palco, mulheres penduradas nas costas dos namorados e nada de forró falei "o forró já se perdeu há muito tempo"e minha namorada respondeu "morreu com Luiz Gonzaga". Não é que não existam mais artistas fazendo forró de verdade, mas esses agora tem de se encaixar em subdivisões do estilo que na verdade eles é quem o fazem legitimamente.. por exemplo "forró pé-de-serra".

por Felipe "Baiano" Batista, que espera nunca ter de ouvir uma versão de "Hunters And Prey" do Angra feita por banda de forró alguma

05 março, 2006

OSCAR 2006

Vamos ver quantos eu acerto.

Melhor FILME : O Segredo de Brokeback Mountain (Ang Lee)

Melhor DIRETOR : Ang Lee (O Segredo de Brokeback Mountain)

Melhor ATOR :Phillip Seymor Hoffman (Capote)

Melhor ATOR COADJUVANTE: Paul Giamatti (A Luta pela Esperança) - obs: A unica coisa que presta no filme

Melhor ATRIZ: Felicity Huffman (Transamerica)

Melhor ATRIZ COADJUVANTE: Rachel Weisz (O Jardineiro Fiel)

Melhor ROTEIRO ORIGINAL: Crash - No Limte (Paul Higgis)

Melhor ROTEIRO ADAPTADO: O Segredo de Brokeback Mountain (Larry McMurtry e Diana Ossana)

Melhor ANIMAÇÃO: Wallace Grommit - A Batalha dos Vegetais

Melhor DIREÇÃO DE ARTE: King Kong

Melhor FOTOGRAFIA: O Segredo de Brokeback Mountain

Melhor FIGURINO: Memorias de uma Gueixa

Melhor MONTAGEM: Jardineiro Fiel

Melhor MAQUIAGEM: Star Wars - Episodio III - A Vingança dos Sith

Melhor TRILHA SONORA: O Segredo do Brokeback Mountain

Melhor CANÇÃO ORIGINAL: It´s Hard out there for a PIMP. (Hustle and Flow)

Melhor EDIÇÂO DE SOM: King Kong

Melhor SOM: King Kong

Melhor EFEiTOS VISUAIS: King Kong

Melhor FILME ESTRANGEIRO: Tsotsi(Africa do Sul)

Melhor DOCUMENTARIO: A Marcha dos Pinguins

por Rick Monteiro

03 março, 2006

Top 5: Finais de filmes

1. Antes do Pôr-do-Sol
2. O Poderoso Chefão parte 1
3. Magnólia
4. Donnie Darko
5. 2001: Uma Odisséia no Espaço
por Rick Monteiro

1. Violência Gratuita
2. De Olhos Bem Fechados
3. Magnólia
4. Cães de Aluguel
5. Tudo Acontece em Elizabethtown
por Felipe "Baiano" Batista

1. Magnólia
2. Efeito Borboleta
3. Dogville
4. Antes do Pôr-do-Sol
5. Clube da Luta
por Taciana Halliday