14 outubro, 2006

A man has a choice and it´s a choice that makes him a man

Elia Kazan era um gênio. A sua sensibilidade atrás das câmeras era notável e tinha um quê de controvérsia para época. “Um Bonde Chamado Desejo”, “Sindicato dos Ladrões” e “Viva Zapata!” são alguns dos exemplos da sua maestria que se capacitava em formar elementos e reinventá-los à busca da melhor combinação. Combinação clara em Stanley Kowalski, Terry Malloy e Emiliano Zapata. Nascia uma grande dupla: Elia Kazan e Marlon Brando. Marlon o considerou o seu grande mestre. Elia seria então a pessoa que deu oportunidade para aquele que, na minha opinião, seria o maior de todos. E pelo visto, Elia Kazan também possuía um faro aguçado no que se referia a achar talentos.
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Em 1952, Fairmount, Indiana, um rapaz participara de uma adaptação escolar de Hamlet, todos percebendo o talento do garoto o mandaram para Nova Iorque. Passando este a dividir o tempo entre empregos secundários e tentativas, até então frustradas, em peças de teatro. Até que, Kazan decidira adaptar o romance “East of Eden” de John Steinbeck, e precisava achar um ator de personalidade forte e impactante para viver o personagem principal Cal Trask. Tendo duas opções o diretor fez uma escolha arriscada e escolheu aquele que sentira-se mais desconfortável na seleção. Um rapaz bonito, tímido, mas com lampejos de extroversão. O que ninguém esperava era que essa escolha mudaria de vez o cenário do cinema mundial. O ator até então desconhecido era James Dean.
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James Dean tinha algo a mais e muito difícil de se identificar o que, a sua figura era forte e ao mesmo tempo indefesa, era bem humorada e alegre e segundos depois extremamente sério e concentrado. Muito pra entender James tem que se partir dessa complexidade, dessa contradição de encarar a vida. Dean conseguia falar tudo apenas com os olhos. Certa vez. Edward Norton, em entrevista ao Actor´s Studio, falou que existem atores que desenvolvem os personagem através do silêncio, percebe-se o seu cérebro funcionando e não apenas esperando a sua vez de falar. James Dean era um desses.
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E “Vidas Amargas” foi perfeito exatamente por abranger todos esses elementos que o formavam e o mais importante, possuía um diretor que pudesse embarcar em todas essas nuances de entendimento para a realização do filme. E Elia Kazan conseguiu. Todas as cenas possuem algo representativo, em alguns momentos tenta acentuar a complexidade de seus personagens, enquanto em outros tenta esconder suas angustias para que então possamos decifrá-las.
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Cal Trask é apenas mais um dos inúmeros que tenta descobrir sua verdadeira motivação para viver, a busca dos sentimentos que o assombra para assim determinar suas próprias escolhas. A verdadeira essência de nós mesmos. Jimmy, como era chamado pelos amigos, é exatamente isso, sufocado por expectativas e projeções dos outros ou dele mesmo. E essa única imagem de rebelde inconseqüente atribuída a ele pela mídia não faz jus a tudo aquilo que ele representou para a arte. Algo que defendia acima de tudo, a arte. Dos poemas de Walt Whitman, das declamações de William Shakespeare, dos filmes de Jean Renoir.
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Infelizmente, em 30 de setembro de 1955, bate seu carro numa árvore. James Dean morre aos 24 anos e dá fim a uma das carreiras mais curtas do cinema, durando apenas 18 meses e nos deixando somente três filmes: “Vidas Amargas” de Elia Kazan, o único que ele viu ser lançado; “Juventude Transviada”, o que seria o mais famoso e “Assim Caminha a Humanidade” de George Stevens, onde contracenara com Liz Taylor e Rock Hudson.
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“Senti ciúme minha vida toda.
Ciúmes que eu mal suportava.
Essa noite tentei comprar seu amor.
Não quero mais nenhum tipo de amor.
Não compensa. Não há futuro nisso.
Mas agora, eu não quero mais.
Não posso mais usá-lo”
(Cal, para o pai, que o sufocou a vida inteira com tantas expectativas)
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Isso era James Dean.
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por Rick Monteiro (rick_monteiro@yahoo.com.br)

01 outubro, 2006

Um de outubro de dois mil e seis

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante,
E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da Pátria nesse instante.
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Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó Liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!
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Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
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Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.
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Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza
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Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
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Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!
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Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!
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Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
"Nossos bosques têm mais vida",
"Nossa vida" no teu seio "mais amores".
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Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
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Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro desta flâmula
- Paz no futuro e glória no passado.
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Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
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Terra adoradaEntre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
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Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!
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de Joaquim Osório Duque Estrada