01 junho, 2007

Soneto a Você

Preciso falar, tenho tanta coisa a dizer
Não sei por onde, todos a minha procura, não consigo te achar
Vão, tentem se vingar!
Tentem se achar neste mar de tuberculose e compaixão!

Estou aqui, espectro vagando e fazendo enlouquecer,
Tão preocupado consigo, não consegue parar.
Loucos procurando sem achar.
Onde, quando, porque... mais procura, só solidão.

Senhores, deixem-me em paz! O que posso dizer a ela?
Você, verdadeira bella dona.
Não consigo ver sem dor, mas rezar sem vela.

Onde está para dizer que estamos salvos de Cinderela?!
Venha amar e me deixar em coma,
nos salvando e pensar em você e não nela.

por Felipe "Baiano" Nogueira

12 maio, 2007

Top 5 - Eu gostaria de entrevistar...

1 - Paulo Thomas Anderson (cineasta)
2 - Adolf Hitler (Der Führer)
3 - Chuck Palahniuk (escritor)
4 - Ingmar Bergman (cineasta)
5 - Noel Gallagher (guitarrista do Oasis)
por Rick Monteiro

1 - Jorge Amado (escritor)
2 - Nelson Rodrigues (escritor)
3 - Jürgen Habermas (filósofo)
4 - Pablo Neruda (escritor)
5 - Alvino Nogueira (avô)
por Felipe "Baiano" Nogueira

1 - Tom Jobim
2 - Caio Fernando Abreu (escritor)
3 - Sigmund Freüd (pai da psicanálise)
4 - Hermila Guedes (atriz)
5 - Cazuza (cantor e compositor)
por Taciana Halliday


1 - John Lennon (beatle)
2 - Michael Haneke (cineasta)
3 - Al Pacino (ator)
4 - Yngwie Malmsteen (guitarrista)
5 - Freddie Mercury (vocalista do Queen)
por Felipe "Baiano" Batista

1 - Jim Morrison (vocalista do The Doors)
2 - Sylvia Plath (escritora)
3 - Woody Allen (cineasta)
4 - Jean-Paul Sartre (filósofo)
5 - Napoleão Bonaparte (Napoleão I)
por Vicente Massip

05 maio, 2007

O JOGADOR

Finalmente chegara em casa. Caminha com lassidão em direção ao corredor. Detém-se na entrada da cozinha. Congela, inamovível. Olhar fixo no vazio. Corpo enrijecido. Cabeça baixa, queixo próximo ao tórax. Traz o polegar esquerdo até o lábio inferior e, com indiferença, roça-o da esquerda para direita em movimentos contínuos, porém dosados...
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Sua tez está ensopada. Passa rispidamente a mão direita na testa crispada, enxuga o excesso. A perplexidade é incomodada pelo som emitido da cozinha, que, em um primeiro momento, não consegue distinguir. Era o som do relógio da parede.
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Segue em direção à sala de estar. Alguns passos adiante a mesa de refeições. Janelas fechadas, persianas corridas, silêncio sepulcral. Chega até a mesa. Apóia as palmas das mãos na beirada com os dedos pendendo para fora. Concentra o peso no apóio dos braços, curvando a envergadura e prolongando os ombros adiante. Contempla os pertences que compõem o ambiente. Parecem perfeitos estranhos. Tem a impressão de vê-los pela primeira vez. Sentia-se com 3 dimensões em um universo plano. O fim das possibilidades, das vertentes possíveis, dos “eus” que podia ter sido e que foram tragados pela correnteza do cotidiano, tão pouco suscetível ao imaginário criativo e tão agrilhoado aos cômodos conceitos. Se viu reduzido a um conceito de aço. A liberdade torna-se orgânica, sistemática e o pensamento humano já não respira mais o ar da originalidade, do diferente, do mundano. A busca frenética pelo nada torna-se uma doutrina com disciplina própria. Pensou: “Devo desculpas. Peço perdão à criança que fui. Por não ter procurado um novo prisma, por não ter me deixado coagir pela brisa das utopias, por não ter transformado o que um dia foi um sonho em princípio de destino. Por ter crescido e mergulhado na mediocridade. Por observar os dilemas humanos de um pedestal, com medo de me tornar passional, como se fosse algo sujo, depreciativo”. O absurdo é o sentimento mais propício para traduzir esse abismo entre o protagonista e a vida, entre o ator e seu cenário.
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Era tão ordinário quanto os objetos que vislumbrava. Não tocava o piano como Chopin. Não pintava como Velásquez. Não cantava como Sinatra. Tudo se resumia a uma sucessão de atos vinculados que compunham uma engrenagem torpe, burra, maquinal. Segunda terça carro trabalho casa jantar quarta quinta sexta. Fevereiro mesa de escritório março abril maio. Até que ela chega em um momento de olhar perdido; a consciência do todo. Ou seria do nada? E mais, seria sua vinda à tona, o início ou o fim?
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............Não deixaria carta, é patético.
............O suicídio é uma confissão tácita.
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Fez o caminho de volta ao corredor, seguiu reto até, irremediavelmente, topar com a cama. Estava no seu cômodo. Parado, deu uma última olhadela ao meu redor. Colocou as mãos na cintura, absorto em idéias confusas. Melhor assim - pensou - torna o ato mais impulsivo. Sentou do lado direito do colchão, perto da mesa-de-cabeceira. Conforme se aproximava da consumação do ato, os gestos ficavam mais viscerais. Abriu a gaveta, pegou a arma que estava envolta em um pano. Pôs o mesmo de volta na gaveta. Pela primeira vez deu de cara com sua sentença de ferro, ali, tão palpável que parecia surreal. O pensamento confuso dá lugar a uma lógica bem delineada. A iminência da morte lhe concedeu momentos de reflexão cristalina. Talvez fosse o instinto animal falando mais alto. Afinal, o corpo existe antes da consciência. E, como um sábio ancião que tenta dissuadir seu orgulhoso aprendiz, empenhava-se na luta com as forças que lhe restavam contra a inatividade do desconhecido.
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..............Silêncio
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Contudo, a inteligência é arrogante e se sobrepõe aos prudentes conselhos dos sentidos.
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Na gaveta de baixo estavam as balas. Agarrou a caixa de plástico e papelão e colocou sobre o leito. Deu vista mais uma vez no ambiente. Decide concretizar o feito na sala de visitas. Levantou-se com ambas as mãos tomadas pelos instrumentos. Atravessou mais uma vez o corredor, perfazendo o caminho de volta. Estava gelado e suando concomitantemente. Não podia se olhar no espelho, mas devia estar pasmo, principalmente nas áreas ruborizadas como as orelhas e os lábios.
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Passou pela mesa de refeições e, agora, em direção ao sofá. Sentou. Colocou o revólver calibre 38 e os projéteis na mesa quadrangular à sua frente. Estava resoluto. Colheu uma bala; coloco-a aleatoriamente no tambor; encaixou; engatilhou; adormeceu a boca do cano sobre sua têmpora direita. Fôlego. Pressionou o gatilho.
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............Silêncio.
............O telefone tilintava.
............Pela terceira vez.
............Pela quinta.
............Sétima.
............Ouvia.
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Por Vicente Massip (convidado)

29 março, 2007

O menino brilhante e os trabalhadores do mar

Vitor Hugo é considerado o maior poeta francês, Chateaubriand o chamava de o menino brilhante, mas, é através de sua prosa que ele é mais conhecido. Obras como “Notre-Dame de Paris”, “Os Miseráveis” e “Os Trabalhadores do Mar” tornaram-no mundialmente conhecido e imortal.
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Hauteville-house, no prefacio do livro, diz que pesa sobre nós a fatalidade dos dogmas e a necessidade de religião, a fatalidade das leis e a necessidade de sociedade, a fatalidade das coisas e a necessidade da natureza e se junta a elas a fatalidade do coração, a maior de todas as fatalidades. Os Trabalhadores do Mar nos mostra a terceira fatalidade junto com a última.
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O livro inicia-se com uma passagem bucólica na praia em que caminha um homem e uma mulher, ele a cem metros de distância dela. Eles se Conhecem de vista e ela escreve o nome dele na areia, GILLIAT. Essa pequena e pueril atitude é o gatilho q vai disparar toda a narrativa. Depois deste dia Gilliat começa a pensar nela todos os dias e a cada dia mais e mais vezes. O tio dela, Mess Lithierry trabalha com transporte marítimo e adquiriu um barco a vapor chamado Durante, a embarcação após um acidente fica naufragada em meio a rochas e corais em alto mar. Gillliat, após ouvir da boca de Deruchette que se casa com o homem q trouxer o barco de volta, parte para está epopéia com a esperança de conseguir restaurar o barco e ter o amor de sua vida.O livro explora esses dois desafios de Gilliat, a tarefa quase impossível de restaurar um barco em pleno mar aberto e o de se casar com a mulher q ama e que mal o conhece. Ele impulsiona-se com determinação e confiança de que sairá vencedor.
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No desenvolver da narrativa que Vitor Hugo mostra as fatalidades a que todos nós estamos sujeitos. Ao chegar ao local do naufrágio Gilliat depara-se com as idiossincrasias do mar; tempestades, animais marinhos, rochedos que atrapalham sua empreitada, como também; bom tempo, peixes, ferramentas naturais que facilitam seu trabalho. É a demonstração que todos nós somos reféns do temperamento oscilante da natureza e que de um lado a usamos como déspotas e de outro estamos subordinados totalmente à vontade dela. Além desta situação de Giliat o livro é permeado de grandes descrições do mar da mancha e da vida dos marinheiros e cidadãos litorâneos que dependem totalmente do que o mar lhes dá. Essas descrições mostram com brilhantismo a beleza da paisagem e tipos que provocam deleite.
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A maior fatalidade de todas, o amor, se mostra devastadora neste romance. Após Gilliat ter consertado heroicamente o barco, retorna com todas as esperanças para finalmente ter nos braços sua amada. Só que quando foi ao seu encontro, espiando-a de longe, a presenciou junto a outro e ambos fazendo juras de amor. Em contrapartida, o tio de Deruchette ao ver seu barco atracado vai ao encontro de Gilliat e praticamente o obriga a aceitar se casar com ela, ele em um ato total de desprendimento ajuda os dois amantes a fugir e os observa, sobre uma pedra, a se distanciar da costa em um navio. Enquanto isso, a maré subia e quando o barco já está praticamente se confundindo com o horizonte a maré o encobre.
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O estilo de V.H. é caracterizado por manter elementos típicos da narrativa romântica tais como; mulher idealizada, herói virtuosos, final geralmente trágico da trama que resulta ou em suicídio ou assassínio e amor idealizado como também permeia seus livros com denúncias sociais, culturais e políticas. Percebe-se pela mostra do trabalho sofrido dos personagens, pelas maracutaias envolvendo o comércio marítimo e arcaísmos e misticismos da população.
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Foi com muita emoção que li este livro. Proporcionou-me está em contato com sentimentos e perspectivas sobre a vida que a muito foram esquecidos por nossa sociedade. A forma de escrever de V.H. nos estimula de forma maravilhosa a penetrar na história, nos faz sentir na pele a gama de sensações provocadas pela caracterização e desenvolvimento dos personagens. È uma história que fica entre prosa e poesia e que nos faz pensar que podemos ter a sensação do que é o belo.
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por Felipe "Baiano" Nogueira

22 fevereiro, 2007

OSCAR 2007

MELHOR FILME
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Quem vai Ganhar: BABEL, mas Little Miss Sunshine pode surpreender (venceu o PGA – Producer Guide Awards).
Entre os indicados quem merece ganhar
: Little Miss Sunshine sem dúvida. “A Rainha” é um ótimo filme. Mas “Babel” e “Os Infiltrados” decepcionam do inicio ao fim. E “Cartas de Iwo Jima” só foi indicado por causa de Clint Eastwood.
Quem REALMENTE merece ganhar mas foi “esquecido”: O melhor filme do ano! “Fonte da Vida” do diretor Darren Aronofsky.
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MELHOR DIREÇÂO
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Quem vai ganhar: Martin Scorsese. Deviam ter dado logo esse Oscar por “Taxi Driver” pra acabar logo com essa frescura de “arrependimento” (Vide “Gangues de Nova York” e “O Aviador”).
Entre os indicados quem merece ganhar:
Paul Greengrass. Vôo United 93 é uma aula de como conduzir um filme.
Quem REALMENTE merece ganhar mas foi “esquecido”
: Darren Aronofsky. "Fonte da Vida" é um frescor para o cinema atual.
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MELHOR ATOR
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Quem vai ganhar: Forest Whitaker. Mas quem sabe a Academia presenteia Peter O’Toole e seus 74 anos e 8 indicações sem vitória.
Entre os indicados quem merece ganhar
: Forest Whitaker. Seu Ide Amin eh hipnotisante.
Quem REALMENTE merece ganhar mas foi “esquecido”
: Hugh Jackman. Não só pelo maravilhoso trabalho em “Fonte da Vida” (três personagens extremamente distintos e representativos) mas pelo que ele fez durante todo o ano. E bem que Sylvester Stalone poderia ter sido indicado por Rocky Balboa neh!?.
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MELHOR ATOR COADJUVANTE
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Quem vai ganhar: Eddie Murphy é o grande favorito. Mas Alan Arkin pode surpreender.
Entre os indicados quem merece ganhar:
Mark Whalberg é uma das poucas coisas que presta em “Os Infiltrados”. E ele merecia ter tido reconhecimento anos atrás por “Boogie Nights”, algo que não aconteceu.
Quem REALMENTE merece ganhar mas foi “esquecido”
: A categoria está bem representada mas os atores Berry Pepper por “Tres Enterros de Melquiades Estrada” e Robert Downey Jr. por “Scanner Darkly” fizeram falta.
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MELHOR ATRIZ
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Quem vai ganhar: A categoria mais fácil desse ano, com certeza. Helen Mirren ganhou tudo esse ano. Torci por ela em 2001 por “Assassinato em Gosford Park” do falecido Robert Altman.
Entre os indicados quem merece ganhar
: Helen Mirren na cabeça. Mas bem que eu gostaria que Kate Winslet fosse contemplada com um premio.
Quem REALMENTE merece ganhar mas foi “esquecido”
: Bem que a atriz chinesa Angelica Lee Sinje poderia ter sido pelo menos indicada por sua fantástica atuação em “Assombração”, mas esse ano não tem jeito, é da inglesa Helen Mirren, que ganhou todos os prêmios da categoria e ainda por seus trabalhos na televisão nos filmes Elizabeth I e Prime Suspect.
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MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
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Quem vai ganhar: Jennifer Hudson por “Dreamgirls”. Não assisti e não estou com um pingo de vontade de ver.
Entre os indicados quem merece ganhar
: Abgail Breslin sem duvida. Sua atuação em “Little Miss Sunshine” é fantástica.
Quem REALMENTE merece ganhar mas foi “esquecido”: Quem realmente merece é a baixinha barrigudinha de óculos engraçados de “Little Miss Sunshine”, Abgail Breslin. Mas a Pocahontas de “O Novo Mundo” Q´Orianka Kilcher fez falta.
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MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
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Quem vai ganhar: Little Miss Sunshine. Se isso ocorrer, já sabe neh!? Nada de premio de melhor filme. Mas quem sabe o roteirista de “A Rainha” recebe esse e abre possibilidades para LMS vencer o premio mais cobiçado do ano hein!?
Entre os indicados quem merece ganhar
: Não sendo Babel e Labirinto do Fauno pra mim tah valendo. Fica entre Little Miss Sunshine e A Rainha.
Quem REALMENTE merece ganhar mas foi “esquecido”
: O roteiro de Darren Aronofksy (A Fonte da Vida) é uma explosão de criatividade e metaforismos.
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MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
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Quem vai ganhar: Os Infiltrados.
Entre os indicados quem merece ganhar
: Little Children (Pecados Íntimos). É um chute no estomago da sociedade.
Quem REALMENTE merece ganhar mas foi “esquecido”
: Se os telefonemas das vítimas e os depoimentos do envolvidos do 11/09 contassem como material de adaptação ficaria com Vôo United 93. Mas como não, fico com a adaptacao do livro de Philip K. Dick, "Scanner Darkly"(O Homem Duplo), feita pelo cineasta Richard Linklater.
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MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
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Quem vai ganhar: Happy Feet.
Entre os indicados quem merece ganhar
: Happy Feet.
Quem REALMENTE merece ganhar mas foi “esquecido”
: Como esqueceram do fantástico “Scanner Darkly” de Richard Linklater?! O método conhecido como Rotoscopia Interpolada (quando se filma e depois passa-se pelo processo de animação) foi apenas um detalhe. O filme é forte e angustiante.
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MELHOR FOTOGRAFIA
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Quem vai ganhar: Queimei a língua quando disse que qualquer cinematógrafo respeitável deveria unanimemente considerar a fotografia de Matthew Libatique em “Fonte da Vida” como a melhor do ano. Essa opinião se manteve até “Filhos da Esperança”. O filme possui uma fotografia interessantíssima, mas atinge seu ápice quando escolhe utilizar um plano-sequencia de quase 10 min durante um tiroteio. Fiquei abismado.
Entre os indicados quem merece ganhar:
Filhos da Esperança. Por sinal, o que “O Ilusionista” está fazendo aqui?
Quem REALMENTE merece ganhar mas foi “esquecido”
: Pós Filhos da Esperança a minha opinião apenas mudou para “umas das melhores do ano”. Porque mesmo com seu plano seqüência a fotografia de “Fonte da Vida” é extraordinária e nos ensina como moldar um filme para que ele tenha um significado extremamente maior.
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MELHOR MONTAGEM
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Quem vai ganhar: Se concretizar a vitória do filme de Iñarritu, essa categoria apenas tem um dono. BABEL.
Entre os indicados quem merece ganhar:
"Vôo United 93" intercala as cenas com um primor artístico impressionante. Mas "Filhos da Esperança" não fica atrás.
Quem REALMENTE merece ganhar mas foi “esquecido”
: A qualidade de “O Novo Mundo” é basicamente por causa da excelência de seu montador. Um frescor pra categoria. Um crime irreparável a sua ausência na premiação.
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MELHOR FILME ESTRANGEIRO
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Quem vai ganhar: O Labirito do Fauno. Não me pergunte o por que, ainda não consegui entender onde está todo esse primor.
Entre os indicados quem merece ganhar
: Um dos melhores filmes do ano, o argelino “Dias de Glória”.
Quem REALMENTE merece ganhar mas foi “esquecido”
: Além de "Dias de Glória", outros dois filmes que também considero como melhores do ano. O chinês “Assombração” e o belga “A Criança” dos irmãos Dardenne. O Brasil poderia está sendo representado?! Sem dúvida. “Cinema, Aspirinas e Urubus” e “Doutores da Alegria” são grandes filmes.
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MELHOR DOCUMENTÁRIO
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Quem vai ganhar: “Uma Verdade Inconveniente” do ex-vice-presidente Al Gore.
Entre os indicados quem merece ganhar:
Não assisti a nenhum deles.
Quem REALMENTE merece ganhar mas foi esquecido:
“Ouro Negro”, sobre a “exploração comercial” do café; ou mesmo o filme “Noticias do Lar/Noticias da Casa” do israelense Amos Gitai.
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MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
Quem vai ganhar:
Dreamgirls
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MELHOR FIGURINO
Quem vai ganhar
: Dreamgirls
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MELHOR MAQUIAGEM
Quem vai ganhar:
O Labirinto do Fauno
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MELHOR TRILHA SONORA
Quem vai ganhar:
Babel
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MELHOR CANÇÃO
Quem vai ganhar:
alguma de Dreamgirls
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MELHOR EDIÇÂO DE SOM
Quem vai ganhar:
A Conquista da Honra
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MELHOR SOM
Quem vai ganhar:
A Conquista da Honra
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MELHORES EFEITOS VISUAIS
Quem vai ganhar:
Superman – O retorno
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.
por Rick Monteiro

20 dezembro, 2006

Poema inútil

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Eu confesso:
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Desejo ser motivo de pungente remorso
Desejo ser a causa de irremediável sentimento de incapacidade
Desejo ser espectro; acarretar inépcia de dias precedidos de noites em claro
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Quero saber que meu nome foi dito com cuidado, numa tentativa inútil de esconder o óbvio
Quero saber que meu nome tem sido maquinalmente escrito em cadernos, agendas, revistas, jornais, bulas de remédios para dor de cabeça...
Quero causar rubor, gagueira, medo, boca-seca, pernas-bambas...
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Quero habitar pensamentos; ser voz da consciência, que, sorrateiramente chega e, abruptamente converte-se em grito:
- Ah, como eu fui burra!
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por Heitor Freitas (convidado)

05 dezembro, 2006

"O Túnel", Amor a Primeira Página

Pense que você pode representar seus sentimentos, seus anseios, seus defeitos e qualidades, tua vida em um objeto, em um símbolo. Mas como fazer, ou melhor como saber fazer?! Acredito que só os artistas o conseguem, pois possuem esta sensibilidade. Juan Pablo Castel conseguiu e teve a sorte de que uma grande mulher, María Iribarne, conseguisse enxergar e sentir o mesmo quando viu este símbolo. A trama de "O Túnel" de Ernesto de Sábato vai se desenvolver a partir deste fato e das conseqüências que a revelação deste ícone tiveram para ela e para ele.
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Castel é pintor e avistou sua amada numa exposição dele em frente a um quadro chamado maternidade, em que no primeiro plano uma mulher olhava uma criança brincando e no canto esquerdo, no segundo plano, o elo entre os dois. Uma janela dava para um a mulher sentada na praia olhando para o mar, o que isso representa para ela, uma lembrança de um local idílico, para ele a paz que ele sempre quis, mas o que ligou os dois não foi essa analogia pobre e direta foi a revelação intuitiva de um segredo entre eles e que estava presente no quadro.
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O livro se inicia com a surpreendente revelação que Castel matou sua amada e cúmplice em seu segredo. Essa revelação é chocante, mas nos antecipa que não será um livro imbecil que iremos ler (tem uma forma de novela; com poucos personagens, de trama concentrada nos personagens principais, de narrativa curta e linear). Sabato nos bota diante de um crime passional e intrigante, que nos revelará até que ponto um amor verdadeiro em confronto com os nossos valores e costumes pode ir.
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Este embate entre o sentimento livre e as convenções sociais é desenvolvido de forma primorosa pelo autor que descasca e expõe o que representa o verdadeiro “cabron” latino, potencializado por uma alma de artista e uma mulher simplesmente bela atrofiada pela amarras da sociedade, mas tendo em sua alma a libertação. Ele quer unir seu sentimento livre ao amor das convenções socias, ela, viver um sonho real com indiferença e condescendência com o resto.
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A vida de cada um é um túnel transparente cheio de bifurcações e que formam encruzilhadas onde os mesmos se entrelaçam, produzindo felizes encontros ou misturas explosivas. A pergunta deixada por Sabato é se somos capazes de abandonar nossas convicções, valores, preconceitos e viver um profundo e leve amor. A resposta! Não sei, digam-me!
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por Felipe "Baiano" Nogueira