25 janeiro, 2006

Meirelles é o CARA!!!


Não deu no Globo de Ouro mas que venha o Bafta (The British Academy of Film and Television Arts).

O JARDINEIRO FIEL

Antes de tudo, afirmo que possuo um sentimento extremamente especial por este filme de Fernando Meirelles. Desde a primeira notícia da realização desta fita, venho acompanhando através dos 33 capítulos do Diário de Produção escrito pelo próprio Meirelles, e participando de fóruns onde conversei (pentelhei) tanto com o Fernando quanto com o César Charlone (cinematógrafo). Pude dessa forma ficar ciente de todos os problemas e também dos momentos de genialidade de toda a equipe. Em determinadas cenas sabia exatamente o que iria acontecer, e o porque de ter sido feita daquela forma. Acompanhei os problemas com a montagem, as noites em que o Fernando ficou sem dormir, e as que acordou inspirado. Então, em um momento nada modesto afirmo que, poucas pessoas, ou mesmo nenhuma, terão o privilégio de assisti-lo no mesmo grau de entendimento cinematográfico que eu. Assistir a uma obra como esta é sem dúvida uma realização, é se sentir quase parte dela.

O filme conta a história de Justin Quayle, um diplomata de segundo escalão, e sua esposa Tessa, uma ativista que diferente do seu marido acredita na possibilidade de lutar contra as injustiças do mundo. E nada melhor que a África para a ambientação da história.

O mais interessante é saber que antes do desenrolar de toda a história, somos notificados da morte de Tessa, personagem vivida pela atriz Rachel Weisz, e nem por isso a narrativa é comprometida, ao contrário, aquela mulher toma uma importância única. É o contra ponto ideal para a atuação do inglês Ralph Fiennes, sua melhor atuação na minha opinião.

No decorrer da história também somos informados que remédios que combatem tuberculose poderão estar sendo usados sem que testes o aprovassem, utilizando os africanos como cobaias. É aí que Tessa começa sua investigação. Em que paralelamente, através de uma montagem não linear, Justin investiga os responsáveis pelo assassinato de sua esposa.

No andamento da investigação vemos um Justin não só a procura de respostas pelo o incidente, como respostas para seus próprios sentimentos e dúvidas. Arrisco a dizer que o personagem de Ralph Fiennes apenas descobriu seu verdadeiro amor pela esposa ao fim de sua jornada. Sentiu-se realmente parte da sua vida. Vida esta que era tão mantida em segredo. A jornada de descobrimentos fez com que ele compreendesse a paixão de sua esposa por suas atividades e assim conseguiu entender a verdadeira essência do seu amor.

Umas das coisas interessantes do roteiro é a desmistificação da heroína. Em vários momentos chegamos a achá-la um tanto promíscua. Desta forma o roteiro dá mais realidade ao personagem, não a trata como uma santa, sem a possibilidade de praticar erros ou pré-julgamentos. E a atuação de Rachel Weisz é o que define isto. Na minha crítica do péssimo “O Júri”(em outra oportunidade posto aqui.), comentei que a Rachel Weisz foi a única coisa boa em um filme repleto de estrelas consagradas como Gene Hackman, Dustin Hoffman e John Cusack, e que esperava ansioso por sua participação no novo filme de Fernando Meirelles como Lara. (no 1° tratamento do roteiro, a personagem se chamaria Lara). A atriz além de bela está formidável, dando a intensidade exata ao seu personagem e criando uma química perfeita com Ralph Fiennes. Perceba as cenas da banheira e do quarto do bebê, onde a despretensão impera. Completamente improvisadas.

Já Ralph Fiennes está perfeito. Esse inglês que já tinha encantado a crítica por seus papéis em “Fim de Caso”, “A Lista de Schindler” e “O Paciente Inglês”, nos rende através de seu talento já consagrado. Justin Quayle é sensível, amável, atencioso, mas por algum motivo parece se importar mais com as suas plantas do que as pessoas. Lógico que Tessa não entra nesta lógica. O cuidado com a sua esposa é intenso, chegando a irrita-la. Mas ao saber da morte de sua esposa, a estrutura de seus ideais vai mudando. O ponto forte da atuação de Ralph está presente no momento do recebimento da notícia da morte Tessa. É neste momento que ele cria o personagem.

Mas esta obra-prima se completa com a direção impecável de Fernando Meirelles e do “casamento” já de sucesso com o cinematógrafo César Charlone. Ambos escolhem uma intensidade extrema às cenas, mas sempre buscando tirar dos atores a simplicidade. Dessa forma encontra-se um certo equilíbrio para o funcionamento da película. A fotografia é quente e granulada. César mostra uma África crua e sem esperança. Em contra partida Fernando tenta mostrar uma população que já se acostumou àquela vida indigna.

Acredito que “O Jardineiro Fiel” é um filme único. Já que mistura drama, documentário e thriller investigativo. Este último era a proposta principal de Meirelles, mas o fator investigativo virou um pano de fundo para um filme onde possui personagens a procura de respostas sobre seus sentimentos. O mesmo aconteceu com o ótimo “Água Negra”. O filme dirigido pro Walter Salles utiliza o terror/suspense para criar uma atmosfera dramática, sendo pano de fundo para a complexidade de uma mãe que se encontra no pior momento de sua vida.

Dessa forma, “O Jardineiro Fiel” se mostra como cinema de 1° escalão, e que aquela espera valeu muito a pena.

By Rick Monteiro

9 Comments:

At 4:17 PM, Blogger Ricardo Cavalcanti said...

esse eu já tinha lido! ;)

 
At 1:52 AM, Anonymous Anônimo said...

Tá bom, gente, faltou clareza, né? Que mau emprego dos termos, que argumentação débil.

Tudo bem, já que também faltou FINESSE ao Jardineiro Fiel.

Isto é, para o meu gosto.

Beijos

 
At 3:54 AM, Blogger pedro said...

como assim não deu no globo de ouro? rachel weisz ganhou de atriz coadjuvante... ou tu tás de melhor diretor?

 
At 8:58 AM, Anonymous Anônimo said...

Por favor, pessoal.. assinem os comentários, até pra gente identificar vocês se comentarem mais de uma vez. Aqui não é mirc.

valeu.

 
At 11:22 AM, Blogger Alex de Large said...

Filme e direcao.

 
At 1:14 PM, Blogger Ricardo Cavalcanti said...

vai ter post sober as indicacoes pro osca n?

 
At 5:37 PM, Blogger Ricardo Cavalcanti said...

finalmente eu assisti. Acho que estou começando a gostar de cinema! ;)
Realmente gostei muito da forma como o thriller ficou em segundo plano para o drama ser contado.

 
At 9:19 PM, Anonymous Anônimo said...

esqueci de perguntar logo depois que assisti o filme e só lembrei de novo agora: como foi aquela gravidez de rachel weisz? ela tava grávida mesmo, mudaram um pouco o filme por conta disso, ela ficou grávida para o filme (hahaha), ... ?

 
At 9:21 PM, Anonymous Anônimo said...

ps. eu tava na locadora e vi um cara levando o jardineiro fiel (!!!), aí me lembrei que tinha ficado com essa dúvida qnd assisti o filme..

 

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